segunda-feira, 6 de julho de 2009

Parabólica

Luto no Jornalismo pernambucano

LEOPOLDO MONTEIRO - Da Folha de Pernambuco

O jornalismo pernambucano perdeu ontem um dos seus maiores nomes. Ronildo Maia Leite, de 78 anos, faleceu no Hospital Esperança, onde estava internado desde o dia 26 de junho com quadro de hemorragia digestiva alta e hipotensão. Ronildo há mais de um ano encontrava-se com a saúde debilitada devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ele será sepultado hoje, às 11h, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife.


Além de se destacar como jornalista, Ronildo também era escritor, tendo mais de 15 livros publicados, entre eles “Exu, 200 anos de Guerra”. Nascido em Garanhuns, no Agreste do Estado, o escritor começou a atuar no jornalismo ainda cedo, aos 13 anos, escrevendo para o jornal Garanhuns Diário. O talento para escrever fez Ronildo se transferir para o Recife, onde iniciou a carreira no antigo Jornal Pequeno. Trabalhou no Diário da Noite, Correio do Povo, Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco, onde ficou conhecido com a coluna “Bom Dia Recife”. No jornal O Globo foi diretor-regional. Também atuou na televisão, como comentarista político da Rede Globo Nordeste.


Durante a carreira profissional, Ronildo ganhou quatro prêmios Esso de Jornalismo (dois nacionais e dois regionais), maior reconhecimento dado aos profissionais da área. Por cumprir o dever de jornalista acabou sendo o primeiro preso político de Pernambuco, em 1964, quando era chefe de redação do Diário da Noite. Ao deixar as redações, foi diretor do Arquivo Público Estadual.


Como jornalista, Ronildo Maia Leite fez história no Estado. Na década de 60, a manchete do Jornal Diário da Noite - “Um branco mata a paz” - criada por ele, chamou a atenção da sociedade pernambucana. A frase fazia referência à morte do líder negro americano Martin Luther King, assassinado em 4 de abril de 1968, por um homem branco. “Essa manchete é comentada até hoje pelas pessoas. A forma como Ronildo noticiou o fato mostra o talento que ele tinha para fazer jornalismo. Sempre considerei Ronildo meu mestre”, destacou o colunista da Folha de Pernambuco, Robson Sampaio, amigo e ex-colega de trabalho do escritor.


A esposa do jornalista, Isa Fernandes Maia Leite, destacou que o marido sempre foi muito exigente como profissional e disse admirar os livros e textos escritos por Ronildo. “Uma pessoa das letras. Posso considerá-lo dessa forma. Ele nasceu com o dom de escrever, nasceu para ser jornalista”, destacou a viúva. A atuação de Ronildo como jornalista acabou influenciando um filho, Augusto Leite, repórter da Folha de Pernambuco, e a neta Cinthya Leite, repórter do Jornal do Commercio.


“Tenho uma admiração enorme por ele como profissional. Sempre valorizou a ética. Quando pequeno, o acompanhei algumas vezes nas redações de jornais. Acho que isso foi uma influência”, declarou Augusto Leite. Para Cinthya Leite, um exemplo como avô e profissional. “Acompanhei meu avô sempre com uma máquina de escrever”, lembrou. Ronildo Maia Leite casou por duas vezes e teve oito filhos.

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