quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Poesias

Entardecer

O mistério do entardecer no verão recifense
ilumina o Capibaribe e reflete a alma:
Pernambuco.
O mistério do entardecer no verão recifense
anuncia o som dos clarins de Momo:
Passo e frevo.
O mistério do entardecer no verão recifense
sugere águas mornas e areias quentes:
Azul do mar.
O mistério do entardecer no verão recifense
reacende o calor das mulheres que brincam de sedução:
Vontades ardentes.

O Azul do poeta

Frágil e quase cego,
as mãos trêmulas do velho poeta
teimam em não obedecer o raciocínio.
E os versos não ganham forma.

Ergue os olhos para a janela
e duas lágrimas escorrem na face,
enquanto a sua escuridão é azul.
Como azul foram as cores
de todos os versos até então.

A exemplo dos pássaros em gaiolas,
resigna-se com a sua prisão
e aguarda na morte a sua libertação
para ter de volta todo o azul.



Feliz, ele...

O poeta teve o bairro, o mar
e o bar.
Feliz, ele...
Desprezou o outrora para que a
rosa não lhe perturbasse os
sonhos.
O mar teve como o amor maior,
onde derramou lágrimas
para que não se perdessem no
tempo.
Como mágico das palavras (ou seria poesia,
coisa só sua, íntima e necessária?), diz que
a vida enganou a vida, o homem enganou o
homem.
E que multiplicou a sua dor e, também,
a esperança.
Feliz, enganou a todos nós, pois teve o
bairro, o mar e o bar.
Feliz, ele... E eu!

* A Paulo Mendes Campos


O Divisor é o Tempo

O divisor é o tempo...
Torna a vida mais vida
e a morte mais morte.
Contraponto que induz
à busca do nada.

O divisor é o tempo...
Encurta a distância do sempre
na ilusão de tudo.
A vida é a morte,
a morte é a vida.
O divisor é o tempo...

Do livro o Recife & Outros Poemas (Robson Sampaio) - Maio 2007Ps: O livro está à venda na Livraria Cultura, no Shopping Paço Alfândega (Bairro do Recife) e na Livraria Geraçâo 65 (Casa da Cultura - Centro do Recife).

Nenhum comentário:

Postar um comentário