sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Parabólica

53 indígenas foram assassinados em 2008

Durante o ano de 2008, pelo menos 53 indígenas foram assassinados no Brasil, 40 deles no estado do Mato Grosso do Sul. As informações fazem parte de um levantamento preliminar realizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que também registrou 34 casos de suicídio de indígenas no Mato Grosso do Sul, correspondendo a um crescimento de mais de 50% em relação a 2007.

Apesar de uma redução de cerca de 40% no número de assassinatos em comparação com 2007, quando se registraram 92 mortes, a concentração dos assassinatos preocupa o Cimi. "Há uma concentração muito grande da violência em algumas regiões, como ocorre no estado do Mato Grosso do Sul, onde a situação fundiária não é regularizada. As comunidades indígenas desse estado perderam suas terras para os grileiros e os latifundiários e vivem confinadas em pequenas porções de terras", afirma o vice-presidente do Cimi, Roberto Liebgott.


A falta de terras é apontada como um dos motivos que provocaram o aumento nos casos de suicídio. "Cada povo indígena tem sua cultura e sua dinâmica, mas o que é fundamental para a sobrevivência de todos eles são os territórios. Com a invasão de suas terras, sua cultura é desestruturada e, conseqüentemente, seu exercício de vida, o que leva alguns deles a se suicidarem", explica Roberto. Entre assassinatos e suicídios no povo Guarani Kaiowá, foram 74 casos em 2008 e 75 casos em 2007, numa população de cerca de 40 mil pessoas.

Segundo o Cimi, além das agressões físicas, houve também, no ano de 2008, uma intensa campanha racista contra os povos indígenas nos principais meios de comunicação do país: "Os grandes meios estão a serviço de setores da sociedade que se interessam pelos territórios indígenas. Por isso, observamos o preconceito em suas notícias e a tentativa de marginalizar os indígenas, disseminando idéias de que são preguiçosos e não sabem manejar suas terras".
Por causa do preconceito, o vice-presidente da organização ressalta que o trabalho do Cimi é o de esclarecer que as culturas são diferentes e que os indígenas se relacionam com a terra de outro modo: "Eles não querem extrair lucro, pois a terra é tratada como sua mãe".

De acordo com ele, dizer que os territórios indígenas podem ameaçar a soberania nacional é uma falácia: "O STF (Supremo Tribunal Federal) já se posicionou afirmando que isso é uma grande bobagem. A terra indígena é patrimônio da União. Dessa forma, eles só possuem o usufruto da terra, não podendo vendê-las nem doá-las. Isso é uma grande mentira, uma maneira de deslegitimar os direitos que os indígenas possuem sobre suas terras".

Em maio, o Cimi divulgará o Relatório com dados sobre as violações dos direitos indígenas em 2008. O relatório trará números sobre ameaças, tentativas de assassinato, mortes por desassistência (suicídio, falta de atendimento médico...), invasões de terras indígenas, entre outros. O levantamento é baseado em informações de comunidades indígenas e no acompanhamento de jornais de todo o país.

Fonte: Adital Notícias

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