quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Parabólica


O Recife em versos e músicas

O CD Gambrinus Porto-Bar, do cantor, compositor e ator Demétrio Rangel, será lançado durante um show, no dia 12 de dezembro, às 18h30, na Torre Malakoff (Praça do Arsenal), no Bairro do Recife, com incentivo cultural do Funcultura/Fundarpe/Governo de Pernambuco. Das 13 faixas, seis são poemas de minha autoria e musicados por Demétrio, que completa o CD com outras sete músicas e letras de sua autoria. As canções falam de saudosismo, questões sociais, pontes, rios, praças, foliões, carnaval, etc. Enfim, da Cidade do nosso Recife, eterna inspiradora dos poetas esquecidos ou não. E com ritmos pernambucanos e os de outras culturas (maculêlê, bolero, xote, rock, reagge, frevo, maracatu, ciranda) e com modernidade ( violão, guitarra, baixo, bateria, sax, flauta, teclados), mas sem perder a sua forma original. Demétrio; m trabalhando com música nos teatros do Recife, desde 1993, com trilhas sonoras para espetáculos infantis e adultos, e conquistou prêmios no Estado e fora. Já musicou poemas de diversos poetas, a exemplo de Jomard Muniz de Brito, Maria de Lurdes Hortas, Vital Correia, entre outros.

Trilhas - De espetáculos, com trilhas criadas e dirigidas por Demétrio Rangel, podemos citar A Chegada da Prostituta no Céu, Coiteiros, e Guerreiros da Bagunça. Em 2004 lançou o CD: “Cena de Abril”, com canções de uma seleção intitulada Coletânea Teatral. Vale dizer que, a partir de agosto de 2008, Rangel debruçou-se nas poesias dos meus livros “ O Recife e Outros Poemas-2007” e “Eu Sou Capibaribe-Poemas - 2009).

Trânsito infernal

A leitora Luísa Muni diz que o trânsito, na Rua Capitão Zuzinha, em Boa Viagem, está infernal, pois quem vem do Aeroporto dos Guararapes e pega esta via para sair, na Avenida Beira-Mar, fica num engarrafamento por horas. Isso, a qualquer hora. E no cruzamento, com a Rua Jequitinhonha, piora ainda mais, já que o sinal demora a abrir. Além disso, irresponsáveis sobem as calçadas com as motos.

Júri popular

Acusado de envolvimento no assassinato do dentista Petrus Soares, em 2005, o PM Douglas Pitbull será julgado, amanhã, às 9h, na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum do Recife. Na acusação, o promotor André Rabelo.

Lâmpadas

Moradores da Beira da Linha, na Imbiribeira, estão apelando para que a Prefeitura do Recife, através da URB, coloque um poste com luminárias naquela via. A escuridão atemoriza os cidadãos e, com certeza, facilita a ação de criminosos.

Santa

A 3ª. Regional da Dircon está licenciando os comerciantes informais para as festividades de Nossa Senhora da Conceição, em Casa Amarela, na Praça do Trabalho, das 14h às 16h. As festividades vão do dia 29 próximo a 8 de dezembro.

Ágape - O Caxangá Ágape homenageia, hoje, a Câmara Municipal de Olinda, e o presidente do Ágape, Roberto Zaidan Gama, recebe, da Câmara, a Medalha do Mérito Aloísio Magalhães. Às 12h30, no Restaurante Boi, Preto, no Pina.

Livros - As lojas da Livraria Modelo, de Boa Viagem e das Graças, estão recebendo doações de livros didáticos, infantis, literários e profissionalizantes para à Biblioteca Fenelon Barreto, em Palmares. Informações: 3326-5031e 3087-3366.

Educação - O presidente do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional-Seção PE (Sinasefepe),José Carlos de Souza, elegeu o seu candidato Mivaci José da Silva, para o biênio 2010 a 2012.


Vida - “O Homem e o Universo” é o tema do seminário de Marcelo Gleiser, que acontece, neste sábado, e promovido pela Unipaz Pernambuco. Inscrições: 3465-3278 e relacionamento@tatianamarques.com.br.

Clube dos Oficiais


Com uma gestão transparente e moderna, o presidente do Clube dos Oficiais de Pernambuco, o coronel Romero Ribeiro,a sua diretoria e o Conselho Deliberativo serão reconduzidos aos cargos, nesta- sexta-feira, para outra gestão de três anos. O Coronel Ribeiro tem 86% da aprovação dos sócios e pretende fazer, até 2013, entre outras melhorias, investir na sede campestre em Aldeia e climatizar o salão principal da sede social.

Uma onda de assaltos

Professores, funcionários, pais e alunos da Escola Dom Pedro Bandeira de Melo, de 1º e 2º graus, próxima ao Terminal Integrado de Rio Doce, em Olinda, estão apavorados com a onda de assaltos à mão armada. Os marginais atuam numa moto e agem a qualquer hora do dia ou da noite, levando de preferência celulares e dinheiro. Mesmo com as denúncias, no local não existe um policiamento efeitvo.

Confraria da educação

O advogado Inácio Feitosa - inacio@esbj.com.br – informou que o último encontro de 2010, da Confraria da Educação, será no próximo dia 25, em homenagem aos professores Everaldo Gaspar, Eneida Melo e Renato Saraiva.Local: Boi Preto, 12h, no Pina.

Ilegal

Moradores da Rua Prefeito Jorge Martins, na calçada ao lado da Creche Municipal Vovô Artur, nos Coelhos, denunciam o funcionamento de uma borracharia em área pública. E que ainda tem um depósito de pneus ao ar livre.

Dengue

O medo dos cidadãos é que, com os pneus expostos, surjam novos focos do mosquito da dengue e que colocam em risco à saúde da comunidade. Pedem que a Prefeitura do Recife, através da Dircon, tome providências para a retirada imediata da borracharia.


Oncologia - Abertas as inscrições para a I Jornada Internacional de Oncologia Pediátrica, que apresenta o tema "Nacc 25 anos: Eliminando desigualdades – O caminho da cura". Inscrições gratuitas: www.nacc.org.br.

Divórcio - O “Novo Regime Jurídico do Divórcio” está em debate, nas Faculdades Integradas Barros Melo – AESO, hoje, das 19h às 22h, com especialistas em Direito de Família. Informações: www.barrosmelo.edu.br.

Folha da Cidade

Quarta-feira

03.11.10

Pânico - A Livraria Jaqueira realiza, no dia 9, às 18h30, palestra gratuita com o médico Wilson Oliveira, do Unicordis, sobre “Síndrome do Pânico – Uma Visão do Cardiologista”. Inscrições: eventos@livrariajaqueira.com.br.

O Recife em versos e músicas

O CD Gambrinus Porto-Bar, do cantor, compositor e ator Demétrio Rangel, será lançado durante um show, no dia 12 de dezembro, às 18h30, na Torre Malakoff (Praça do Arsenal), no Bairro do Recife, com incentivo cultural do Funcultura/Fundarpe/Governo de Pernambuco. Das 13 faixas, seis são poemas de minha autoria e musicados por Demétrio, que completa o CD com outras sete músicas e letras de sua autoria. As canções falam de saudosismo, questões sociais, pontes, rios, praças, foliões, carnaval, etc. Enfim, da Cidade do nosso Recife, eterna inspiradora dos poetas esquecidos ou não. E com ritmos pernambucanos e os de outras culturas (maculêlê, bolero, xote, rock, reagge, frevo, maracatu, ciranda) e com modernidade ( violão, guitarra, baixo, bateria, sax, flauta, teclados), mas sem perder a sua forma original. Demétrio; m trabalhando com música nos teatros do Recife, desde 1993, com trilhas sonoras para espetáculos infantis e adultos, e conquistou prêmios no Estado e fora. Já musicou poemas de diversos poetas, a exemplo de Jomard Muniz de Brito, Maria de Lurdes Hortas, Vital Correia, entre outros.

Trilhas - De espetáculos, com trilhas criadas e dirigidas por Demétrio Rangel, podemos citar A Chegada da Prostituta no Céu, Coiteiros, e Guerreiros da Bagunça. Em 2004 lançou o CD: “Cena de Abril”, com canções de uma seleção intitulada Coletânea Teatral. Vale dizer que, a partir de agosto de 2008, Rangel debruçou-se nas poesias dos meus livros “ O Recife e Outros Poemas-2007” e “Eu Sou Capibaribe-Poemas - 2009).

Trânsito infernal Charge

A leitora Luísa Muni diz que o trânsito, na Rua Capitão Zuzinha, em Boa Viagem, está infernal, pois quem vem do Aeroporto dos Guararapes e pega esta via para sair, na Avenida Beira-Mar, fica num engarrafamento por horas. Isso, a qualquer hora. E no cruzamento, com a Rua Jequitinhonha, piora ainda mais, já que o sinal demora a abrir. Além disso, irresponsáveis sobem as calçadas com as motos.

Júri popular

Acusado de envolvimento no assassinato do dentista Petrus Soares, em 2005, o PM Douglas Pitbull será julgado, amanhã, às 9h, na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum do Recife. Na acusação, o promotor André Rabelo.

Lâmpadas

Moradores da Beira da Linha, na Imbiribeira, estão apelando para que a Prefeitura do Recife, através da URB, coloque um poste com luminárias naquela via. A escuridão atemoriza os cidadãos e, com certeza, facilita a ação de criminosos.

Santa

A 3ª. Regional da Dircon está licenciando os comerciantes informais para as festividades de Nossa Senhora da Conceição, em Casa Amarela, na Praça do Trabalho, das 14h às 16h. As festividades vão do dia 29 próximo a 8 de dezembro.

Ágape - O Caxangá Ágape homenageia, hoje, a Câmara Municipal de Olinda, e o presidente do Ágape, Roberto Zaidan Gama, recebe, da Câmara, a Medalha do Mérito Aloísio Magalhães. Às 12h30, no Restaurante Boi, Preto, no Pina.

Livros - As lojas da Livraria Modelo, de Boa Viagem e das Graças, estão recebendo doações de livros didáticos, infantis, literários e profissionalizantes para à Biblioteca Fenelon Barreto, em Palmares. Informações: 3326-5031e 3087-3366.

Educação - O presidente do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional-Seção PE (Sinasefepe),José Carlos de Souza, elegeu o seu candidato Mivaci José da Silva, para o biênio 2010 a 2012.

P o e s i a s (De Robson Sampaio)

1 - Eu sou Capibaribe

Dos mangues do rio arranquei

a carne da sobrevivência:

as iguarias das mesas das sirigaitas.

Das águas do rio tirei

o som da flauta;

a composição dos pássaros,

a sinfonia de todos os cânticos.

Vim de muito longe,

passei por Beberibe;

eu sou recifense,

eu sou Capibaribe.

Nas correntezas do rio embalei

os nossos sonhos,

o mergulho profundo:

ora vida, ora morte.

Vim de muito longe,

passei por Beberibe;

eu sou recifense,

eu sou Capibaribe.

* A Zé da Flauta

2- Recifense...

Nas águas eternas do Rio Capibaribe,

naveguei sonhos e derramei lágrimas

de tristezas e de alegrias.

Nas ondas salgadas da Praia de Boa Viagem,

molhei o corpo e purifiquei a alma.

Nas pontes históricas do Recife,

forjei o destino e percorri as trilhas

da vida.

E, só assim, me tornei recifense...

3 - Adeus, meu Capitão!

Sol de fogo,

terra batida,

punhal e mosquetão.

Treme a caatinga

com medo do Capitão.

Calam-se, as armas!

Maria Bonita com

a flor na mão.

Treme em desejos

o amor de Lampião.

Fogo cruzado,

tocaia grande,

só danação!

Treme Angicos,

Adeus, meu Capitão!

4 - Filhos da Caatinga

Ôxente, meu fio,

cadê o boi no cercado

e toda aquela plantação?

Foi embora no vento,

sumiu tudo no céu,

feito ave de arribação.

Agora, é só terra em brasas,

ardendo que nem tição.

Do gado só as cabeças,

igual assombração.

Feito rio escorregadio,

a terra plantada se foi,

levada no deslize do chão.

Ai, que tamanha judiação.

Inhô, num gema não,

basta de choro e reza,

feitos só de lamentação.

A terra é seca e batida,

igual alma sem alumiação,

mas, de gente com fé no Santo,

indo e vindo, solta pelo Sertão.

São os filhos da Caatinga,

sofrendo toda humilhação.

Mas, briga, mata, esfola ou morre,

mesmo sem ser Lampião.

Ôxente, sêo Capitão,

Virge, Santa Maria,

pra quê ser tão valentão?

Num tem nem quase a vida

e, muito menos, esse chão.

Crz credo, Ave Maria,

dê-me a benção Padim Ciço,

pois, é só dor no meu Sertão.

Mas, juro meu Santo querido,

que de fome, a gente num morre não.

5 - Sertão

Gente sem rumo, pé na estrada

Pão dormido, alma penada

Povo sofrido, assombração!

(sem eira nem, beira, de cuia na mão)

Rio sem água, caçuá vazio

Gado sem pasto, boi sem cabeça

Povo sofrido, judiação!

(sem eira nem beira, de cuia na mão)

Gente sem rumo, pé na estrada

Terra em brasas, feito tição

Povo sofrido, Sertão!

· A Ascenso Ferreira

6 - O Divisor é o Tempo...

O divisor é o tempo...

Torna a vida mais vida

e a morte mais morte.

Contraponto que induz

à busca do nada.

O divisor é o tempo...

Encurta a distância do sempre

na ilusão de tudo.

A vida é a morte,

a morte é a vida.

O divisor é o tempo...

7 - Sertanejo da dor

O sopro surdo do vento

parece murmúrio de vozes

em lamento pela morte.

A madrugada foge num repente

danado com medo do amanhecer.

Sob o sol, os cascalhos e a terra areosa

refletem a imagem do céu.

Sina?

Na trilha de pó, pedras e galhos secos,

o sertanejo caminha entre crenças e

esperanças de cangaceiros.

Um penar sem fim?

No peito carrega o grito

do deserto-desesperança. A benção nunca

chega, apesar das rezas de virgens órfãs,

criadas por devotas beatas.

Santuário?

“Valei-me, meu padim-padre Ciço!”,

prece de fé e de desespero. A morte é

a passagem da Salvação?

O chão é um mar em brasas,

com a folhagem sem cor e a natureza

perdendo a vida. E a caatinga vira léguas

de judiação do sertanejo da dor.

Penitência?

8 - Gotejos...

Um tiquinho d’ água fluindo,

naquela vastidão de chão,

traz para a minha alma a

saudade de uma terra, que

nem o tempo me fez esquecer.

Lá adiante, corre um fiozinho d’ água

a inundar os meus olhos e as lágrimas

descem pela minha face molhada,

com a água daquele riachinho

transbordando de lembranças.

E daquele riachinho, a ermo,

na imensidão da terra seca,

pingam gotas de emoções a

deslizar tempo afora.

São os gotejos da minha vida.

9 - Meninos de Rua

Meninos de rua

gente sem nome

Meninos das pontes

gente sem teto

Meninos dos ventos

gente sem mundo

Meninos do nada

gente sem alma

Cavaleiros do medo, cavaleiros da morte,

guardai as armas, guardai o ódio,

bastaria, apenas, um simples brinquedo...

Meninos de rua

gente sem nome

Meninos da fome

gente sem paz

Meninos do vício

gente sem lei

Meninos do crime

gente sem perdão

Cavaleiros do medo, cavaleiros da morte,

guardai as armas, guardai o ódio,

bastaria, apenas, um simples brinquedo...

Meninos de rua

gente sem nome

Meninos da cola

gente sem riso

Meninos da cruz

gente sem fé

Meninos da dor

gente sem choro

Cavaleiros do medo, cavaleiros da morte,

guardai as armas, guardai o ódio,

bastaria, apenas, um simples brinquedo...

Meninos de rua

gente sem nome

Meninos do passo

gente sem frevo

Meninos do povo

gente sem rosto

Meninos da vida

gente sem gente...

10 - Espanto

Sombras, sombras

e mais sombras

Dia, noite, madrugada,

Assombrosas,

Mal-assombradas,

Embruxadas,

Enfeitiçadas,

Dia, noite, madrugada,

Maléficas,

Soturnas,

Escuras

Fantasmagóricas

Dia, noite, madrugada

Pavorosas

Medonhas

Horrorosas

Macabras

Tênues réstias

das mortes.

11 - Pivete

Moleque de rua

Filho do cão

Frio na pele

Dor da solidão

Criança sem rumo

Pega o ladrão!

Moleque de rua

Filho do cão

Grito de raiva

Chute e bofetão

Canivete na mão

Não sei não...

Moleque de rua

Filho do cão

Talho na carne

Sangue não chão

Morte na calçada

O “dotô” sem razão.

Dai-me, a vida,

Dai-me, o pão!

Vai pivete pra prisão...

12 - Silhueta...

No caminho sem endereço

das ruas sujas e poeirentas,

segues menino sem futuro

nem ninguém.

Apenas, uma silhueta...

E, assim mesmo, sozinho,

com vestes toscas e rasgadas,

ainda assobias uma música

qualquer...

Só, levas uma bola de meia na mão,

sem tristezas nem tormentos, e

segues com a inocência singular

de ser apenas criança...

13 - Sem vacinas

Cão vadio, solto nas favelas (sujo, esquálido

e faminto) – aos milhões.

Cão raivoso, solto nas ruas (colérico, danoso

e assassino) – aos milhares.

Cão farejador, solto nos quartéis (investigador, repressor

e violento) – aos milhares.

Cão de raça, solto nos condomínios (forte, limpo

e perfumado) – aos milhões.

Cão de caça, solto nos gabinetes (ditador, especulador

e opressor ) – aos milhares.

Cão infiel, solto nas tribunas (narcisista, embusteiro

e fisiológico) – aos milhares.

Matilhas sem vacinas – Todos!

14 - Tempo do Tempo

Marcas do tempo

Tempo de nada

Tempo de tudo

Tempo de sempre

Tempo do homem

Homem do tempo

Tempo da vida

Tempo da morte

Tempo eterno

Tempo do tempo

(passado, presente

e futuro).

· A Rafael Coelho.

15 - Saudade danada...

Recife,

cadê teus arraiais,

canaviais, mucamas

e sinhazinhas?

- Casa-Grande

Recife,

cadê teu forró,

ciranda, maracatu

e frevo?

- Carnaval

Recife,

cadê teu mar,

pontes, praças

e rios?

- Beberibe e Capibaribe

Recife,

cadê teus boêmios,

bares, batida gelada

e mulheres?

- Poesia

Recife,

não mais te encontro

e sinto uma saudade

danada...

16 - O Recife

O Recife não é uma aldeia.

- O Recife é um estado de ser...

Suas luzes, naturais ou artificiais,

não são luzes e, sim, o alumiar

dos teus olhos.

Reflexos de todos nós,

recifenses ou arrecifensados,

onde as luzes não são luzes,

mas olhos debruçados sobre

o Capibaribe, um traço indivisível

de ser o Recife...

17 - Águas do Mar

Há um cheiro de mulher no ar,

uma mistura com o cheiro

das águas do mar.

Há corpos seminus,

deitados nas areias mornas

do mar.

Há mulheres nas ruas: negras,

brancas, loiras, morenas, mulatas,

todas com o gosto dos frutos

do mar.

Há olhares, gestos, promessas e

sorrisos entre homens e mulheres,

em cumplicidade com o sol e

embalados nas ondas

do mar.

Há ternura, solidão, juras de amor,

paixões desenfreadas, que só o

verão recifense pode dar

nas águas do mar

18 - Duas lágrimas...

Amparei as duas lágrimas

em cada uma das minhas mãos

e as beijei.

E elas transformaram-se

em águas do mar...

Salgadas, sim!

Dolorosas, sim!

Saudosas, sim!

Duas lágrimas nas palmas das mãos

e apenas um coração.

Numa dor que, só na saudade,

se é capaz de sentir em nome do amor...

19 - O tempo é a cruz dos homens...

O tempo é a cruz dos homens...

No fardo de todas as lembranças

Nas vontades largadas pelos caminhos

Nos amores perdidos pelos desamores

O tempo é a cruz dos homens...

No recriar sem criatividade

No reprisar dos porres endêmicos

No sonhar dos sonhos não sonhados

O tempo é a cruz dos homens...

Nos recomeços sem começos

Nos fracassos dissimulados

Nas mortes sem sepultamentos...

20 - Gotas de orvalho

Dos meus olhos gotejam lágrimas,

que são pingos de gotas de orvalho

numa manhã de chuvas naquele jardim.

Onde a saudade é transformada em nuvens

escuras, a encobrir o brilho dos raios do Sol e,

só para marcar ainda mais, a dor da saudade

daquela mulher.

Uma saudade medonha, danada, desesperada,

chamada amor, e que rasga as minhas entranhas

e queima para sempre a minha alma.

Que também está inundada com os gotejos,

que caem dos meus olhos e, são, na verdade,

pingos de saudade pela perda definitiva

daquela mulher.

21 - Bares na palma da mão ou Bailes?

Notícias populares,

nem tão amiúdes assim,

anunciam novos bares.

Meros pretextos para modismos

e falsas boemias.

Alguns tão sem graça,

outros tão similares.

Bares, aos milhares.

Bares mesmo,

onde embriago as minhas emoções,

conto nos dedos e os trago

na palma da mão: Dom Pedro, Savoy,

Gambrinus, Portuguesa e Royal.

22 - Entardecer

O mistério do entardecer no verão recifense

ilumina o Capibaribe e reflete a alma:

Pernambuco.

O mistério do entardecer no verão recifense

anuncia o som dos clarins de Momo:

Passo e frevo.

O mistério do entardecer no verão recifense

sugere águas mornas e areias quentes:

Azul do mar.

O mistério do entardecer no verão recifense

reacende o calor das mulheres que brincam de sedução:

Vontades ardentes.

23 - Nossos olhares...

Nos olhamos

E ela foi embora

Levando o meu olhar...

Pouco antes,

Nos cumprimentamos

Como se fossemos

Estranhos...

Logo depois,

Ela foi embora

Levando o meu olhar...

E eu fiquei,

Até hoje, com os

Olhos do seu olhar...

24 - Olhos flamejantes...

Olhos flamejantes,

os teus...

- Diamantes ou rubis?

Brilho incandescente,

fonte natural de desejo

Olhos flamejantes

os teus...

- Diamantes ou rubis?

Luz maior que o Sol

vontade de me queimar.

Olhos flamejantes,

os teus...

- Diamantes ou rubis?

Faíscas ardentes,

brasas para me arder.

Olhos flamejantes,

os teus...

- Diamantes ou rubis?

Raios a riscar o Céu e

a penetrar nos meus...

25 - Saudade de você

Saudade?

Sim, saudade

do teu corpo.

Só de teu corpo?

Não.

De tua boca

tua pele, teu odor,

teu olhar.

Saudade

de tua voz, teus sussurros,

teus abraços, teus gemidos.

Saudade

de teu sorriso, tuas mãos,

tuas brigas,

do teu jeito se ser.

Saudade,

grande, imensa, descomedida,

a sangrar no meu peito e

a calar a minha voz.

Saudade,

de você...

26 - Desabafo

Eu queria falar

Faltaram palavras

Eu queria gritar

Faltou voz

Eu queria chorar

Faltaram lágrimas

Eu queria sorrir

Faltou alegria

Eu queria ser bom

Faltou compreensão

Eu queria ser mau

Faltou coragem

Eu queria ter fé

Faltou crença

Eu queria ser feliz

Faltou você...

27 - Gambrinus

Gambrinus,

porto-bar mais que seguro

do velho Bairro do Recife,

roteiro de andantes de todos

os mares e oásis dos sedentos

de amor e de saudade...

Gambrinus,

porto-bar mais que seguro

do velho Bairro do Recife,

templo único de vontades e

frustrações tão antigas quanto

os sonhos de cada um...

Gambrinus,

porto-bar mais que seguro

do velho Bairro do Recife,

onde poetas e boêmios compõem,

no tilintar dos copos, a sinfonia

das ondas do mar no arrebentar dos

arrecifes...

28 - Recife (Noturno)

Só gosto de ti à noite,

quando os abstêmios dormem

e os boêmios saem às ruas

em busca do nada.

Só gosto de ti à noite,

quando batem lembranças

de amor e de sonhos perdidos

no tempo.

Só gosto de ti à noite,

quando me debruço sobre

o Rio Capibaribe e, assim, consigo

ver a minha alma e a chorar

a dor do mundo.

Só gosto de ti à noite,

quando pertences por inteiro

aos boêmios, vagabundos

e poetas.

* À poetisa Cida Pedrosa

29 - Sinfonia dos Vagabundos

Vagabundos, uni-vos!

Vinde louvar o Recife e

compor a Sinfonia dos poetas,

boêmios e miseráveis.

Vaguemos pelas ruas sujas e

fétidas, onde chagas de dor

e de desespero são expostas na

Sinfonia de todos os dias.

Vagabundos, uni-vos!

Vinde louvar o Recife e

ouvir a ladainha das devotas

beatas a compor a Sinfonia

dos pecadores de corpo e de alma.

Vagabundos, uni-vos!

Vinde louvar o Recife e

cantar o frevo-canção de dor,

de tristeza e de saudade,

num cântico excêntrico da

Sinfonia dos Vagabundos...

30 - Louco?

Cada um carrega

a sua fantasia,

mesmo que seja a

própria cruz.

Uns preferem o mutismo,

outros, o alarde.

Nem por isso,

o ruído é diferente,

menos ensurdecedor,

ou o caminhar é inverso.

31 - Bobagens?

Sonhos sonhados

Vidas vividas

Desejos desejados

Espaços imaginários

Bobagens?

Cantos cantados

Choros chorados

Lágrimas salgadas

Espaços imaginários

Bobagens?

Dores doídas

Frevos frevados

Amores amados

Espaços imaginários

Bobagens?

Lindas bobagens,

que devem ser vividas

32 - Dor é dor...

Dor não se mede

Dor não se compara

Dor é dor..

Dor da saudade

Dor do amor

Dor da fome

Dor do parto

Dor da vida

Dor da dor...

Dor se sofre

Dor se cura

Dor é dor...

33 - Sombras

Nas esquinas, ,

as sombras,

nas sombras,

cada um de nós:

loucos, bêbados,

miseráveis,

os sem-nada

Fantasmas a

se esgueirar por

becos e vielas sombrios,

encobertos pelas vestes

negras da noite.

A fugir do presente,

a esquecer o passado

e sem ter o futuro

Nas esquinas,

as sombras,

nas sombras,

eu, você e o Recife...

34 - Recife: só cores

Recife...

Dos meus amores e dores

Dos meus sonhos e dissabores

Dos meus quitutes e sabores

Dos meus engenhos e licores

Das minhas certezas e temores

Dos meus jardins e flores

Dos meus perfumes e odores

Dos meus cânticos e louvores

Do meu frevo e compositores

Das nossas Marias e Dolores.

Recife, tu és só cores!

35 - Folião Sem Nome

Folião sem nome,

perdido no meio do racha,

homem mulher e criança,

passos quase sem graça

Olhos eufóricos de sonhos,

suor regado à cachaça,

segue folião sem nome

alegre no bloco que passa

Ferver, frever, frevar,

ritmo e dança de uma raça,

vai folião sem nome

frevar o frevo na praça...

36 - A vida da gente morrendo...

Chope, cigarro, música, fantasia

e lá vai a vida da gente passando...

Outro chope, cansaço, queixas, salários

e lá vai a vida da gente passando...

Mais chope, cigarro, música, fantasia

e lá vai a vida da gente anoitecendo...

Agora pressa, que pressa, de pé no balcão,

que pressa que nada, fim de noite, sorrisos

e lá vai a vida da gente amanhecendo...

Sempre chope, cigarro, música, fantasia,

só madrugada, só fumaça, só bebedeira

e lá vai a vida da gente morrendo...

37 - Um belo dia para morrer...

Sábado é um belo dia para morrer.

Mas, não um sábado qualquer,

desses de fim de tarde ou de dias

chuvosos: escuro, triste, monótono,

onde não se vê a luz das meninas

dos olhos ou os desejos da dona

desses olhos.

Sábado é um belo dia para morrer.

Mas, não um sábado qualquer.

Tem que ser um sábado de sol,

desses das duas da tarde: brilhante e

quente, como deve ser a vida.

Afinal, a morte é o mistério da vida e

a vida é o mistério do homem....

38 - Os mortos riem...

No Dia dos Mortos,

os mortos riem do choro

e das rezas dos vivos,

lamúrias perturbadoras

da paz e do silêncio

do Campo Santo.

Os mortos riem tal qual

hienas: sorrisos permanentes...

Mas, os vivos choram e choram,

rezam e rezam, enquanto os mortos

riem, riem e até gargalham...

Os mortos riem,

no Dia dos Mortos, ou não.

Tal qual hienas: sorrisos permanentes,

escárnio dos vivos-sobreviventes e mortos-vivos,

rotina da vida eternamente...

39 - Gira, vira, revira

A terra gira

a vida gira

a cabeça gira

giramos nós

gira-vira

vira-gira

vira-latas

vira-copos

tudo gira

nada vira

gira-mundo

Pomba-Gira?

Giramos nós

viramos nós

reviramos nós

revira-olho

reviravolta

vira página

gira carrossel

girassol

giravolta

revira tudo

revira nada

gira, vira, revira

Só giramos?

40 - Poesias inacabadas...

Recife,

de tardes-noites-madrugadas

de saudades das bem-amadas

de passos incertos nas calçadas...

Recife,

de gosto de peles salgadas

de corpos suados, de bocas molhadas

de vontades nem sempre saciadas...

Recife,

de belezas e cores encantadas

de cirandas e frevos eternizadas

de poesias inacabadas...

41 - Capibaribe e Beberibe

Quando criança,

os contemplava como

se fossem oceanos.

Neles, via o meu rosto risonho

como se fossem espelhos

Eram limpos, bonitos, imensos

e de água claras.

Ás vezes, no desvario da minha sedução,

tinha a nítida impressão de que as suas

águas também eram azuis.

Nelas, eu navegava os sonhos infantis

a tear os trançados de um mundo imaginário

como se fossem realmente dois oceanos.

Agora, sem a pureza utópica

da visão de toda meninice,

só vejo águas sujas e escuras,

rescaldos da poluição e da insensatez.

Duas lágrimas, meras gotas de dor,

correm por minha face como a percorrer

dois desertos em danação..

Não, não matem os meus

oceanos infantis!

42 - Poetas

Os poetas,

se não são imortais,

pelo menos, são eternos.

Os poemas surgem como

relâmpagos em noites de inverno;

ou com o brilho das estrelas em noites

enluaradas.

Também, nas mesas dos bares,

na saudade do amor perdido,

na aflição de uma mãe;

ou no sorriso das crianças.

E,ainda, nos reflexos prateados

da Lua sobre o Rio Capibaribe,

marco indelével do Recife.

Por isso, digo: os poetas,

se não são imortais,

pelo menos, são eternos.

· A Roberto Santos

43 - “Quentinha” ou “Gelada”?

Ressacado,

resolvi tomar uma:

“quentinha” ou “gelada”?

Pedi uma “gelada”, já com

a intenção de lavar a alma,

ou seria a consciência?

Engraçado, não lavei...

“Gelada”, esfriou a garganta,

o coração e as vísceras.

Aliás, pra ser sincero,

congelou a minha alma.

Sendo assim, parti pra “quentinha”,

certo de que o aumento da adrenalina

iria transformar o meu sangue num

rio de águas térmicas.

Engraçado, também não esquentei...

A “quentinha”, no máximo,

derreteu a minha fuga.

Também pudera,

ressaca entorpece a mente,

nubla os pensamentos, cerra as

pálpebras e não se cura com

“conversa mole”.

Ah, sinto que tenho que tomar outra...

“Quentinha” ou “Gelada”?

Almas do Recife

Versos, versos e mais versos

a povoar de almas o Recife.

Poemas em cada esquina,

em cada bar, em cada desilusão

enchem e perfumam ruas e bairros:

da Aurora ao Recife Antigo.

São pedaços de cada um de nós,

poetas, vivos ou mortos.

Eles, como nós, teimam em poemar

a vida no Recife e a não

dormir com a morte.

Versos, versos e mais versos!

Assim são os poetas

a povoar de almas o Recife.

Templos sublimes?

Savoy, Gambrinus,

Portuguesa e Cristal...

Ainda freqüento-os com a

memória que, às vezes,

se faz espírito...

Templos sublimes?

Dom Pedro, Royal,

Seu Lunga e Bar 75...

Os trago na memória que

sempre se faz espírito

e corpo presente.

Templos sublimes...

Dia-a-dia ou Noite-Madrugada?

No ar, o som da canção,

que vira poesia;

na mesa, o gole do uísque,

que lava a alma e os pecados;

na mão, o cigarro de sempre;

e no olhar, o tempo que passa

e as marcas que ficam...

Templos sublimes?


Choramingar da viola

O choramingar da velha e ensebada viola

emite sons que parecem rezas abençoadas

por santos puros e impuros:

Sacrilégio?

O choramingar da velha e ensebada viola

entoa cânticos em dias de festas nas antigas

ruas e igrejas:

Profano e Religioso?

O choramingar da velha e ensebada viola

ecoa no oráculo sem perdão dos rituais sacramentos

e dos sentimentos do povo:

Inquisição?

O choramingar da velha e ensebada viola

já não alcança a surdez dos desertos de hoje:

A bença, mãe! A bença, pai!

Salvação?

Recife Antigo

Nos botequins de ontem,

relembro velhos e novos amores

e carrego, por ruas e becos,

o presente e o passado,

simbiose de eterna saudade.

Então, batem as lembranças:

nada mudou no Recife Antigo,

onde poetas, bêbados e vagabundos

vagueiam, à noite, feitos zumbis.

Somos os sonâmbulos da boemia,

animais sedentos de amor e de paixão,

que recolhem pedaços da carne

só para salvar a alma e, assim,

alcançar o perdão.

Nada mudou no Recife Antigo,

onde as faces sofridas se multiplicam

iguais e com sulcos talhados de dor...

Somos os compositores das canções da vida,

os poetas dos poemas passageiros,

os artesãos que juntam trapos e confeccionam,

diuturnamente, o eterno uniforme do Recife Antigo.

Formamos o cordão dos desesperados,

de alegrias furtivas, de sonhos perdidos

e de vontades saciadas, quase sempre,

em corpos estranhos.

Mas, nada mudou no Recife Antigo,

onde a sinfonia prossegue até o clarear dos arrecifes.

E, nós, em passos trôpegos, buscamos a Estrela Guia,

entoando o canto mágico do faz de conta.

Assim, transformamos o nada em tudo

e o imaginário em imaginação,

enquanto a música melosa é ouvida mais forte

nos puteiros do Recife Antigo.

Onde, nada muda...

Idoso - A palestra gratuita “Envelhecer com qualidade”, que o geriatra Alexandre de Mattos ministra, nesta sexta-feira, está com inscrições abertas, na Escola Técnica Leiaut, no Derby. Informações: 3421.9359 e 3223.0387.


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