sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

As Minhas Poesias

Bares...

Almas do Dom Pedro

O Dom Pedro é só emoções.
Vigas, pilastras e paredes flutuam
cotidianamente levadas pelos ventos:
ora calmarias, ora tempestades.
Fusão do imaginário?

Em cada canto, uma face,
em cada face, uma história,
ou serão apenas bravatas?
Neste retângulo eterno,
erigido por almas e sentimentos,
esquecemos quem somos
e escondemos, mil vezes,
o próprio rosto...

O Dom Pedro

Sentados nas cadeiras deste Império,
nós, jornalistas do batente,
os poetas e os boêmios,
nos alegramos todas as noites
em busca da eternidade
ou da verdade única,
talvez, só nossa.

Sentados nas cadeiras deste Império,
nós, jornalistas do batente,
agora sem os poetas e os boêmios,
nos alegramos e choramos mágoas e salários
e, às vezes, ficamos sós.

Sentados nas cadeiras deste Império,
nós, jornalistas do batente,
agora com os poetas e os boêmios,
nos alegramos outra vez
e fazemos do sonho
uma realidade de cada noite.

Sentados nas cadeiras deste Império,
nós, jornalistas do batente,
os poetas e os boêmios, todos “alegres”,
somos da Corte das noites eternas...

* A Júlio Crucho

Nova Portuguesa (e Antiga)

A notícia deu no jornal:
a Portuguesa (Nova) vai reabrir.
Foi um rebuliço geral entre jornalistas, poetas,
boêmios, políticos, intelectuais e até repentistas,
o mundéu todo, tudo que é (ou quase) artista.

Nas lembranças, Redação vazia, máquinas paradas,
papel no chão, notícias mortas.
É o fim de noite, fim do “batente”.
E ela lá... Esperando a gente...

Trincheira certa dos boêmios,
jornalistas e vagabundos,
confidente das ilusões de todo mundo,
uma Casa Portuguesa sem certeza,
sem fronteiras, mas altaneira
e lugar de muita bebedeira.

Batidas, cervejas, mão-de-vaca,
chambaril, dossiê dessas criaturas,
lugar de “pendura”, com certeza...

* A Joaquim Esteves


À Cristal

Ô, Arlindo!
“Mi” dá uma meiota.
Ô, Arlindo!
“Mi” dá uma gelada.
O grito uníssono explode
na garganta dos que têm sede,
dos que bebem a água
que padre não benze
e nem passarinho bica;
e, às vezes, ou quase sempre,
varam a madrugada.

Que gente estranha, essa.
São os últimos “moicanos”,
os eternos românticos do Jornalismo,
uma espécie já quase em extinção.
Mas, entra noite e sai noite,
e nós estamos lá, no “batente”,
felizes com a vida e tristes com os salários.

A história se repete,
dia após dia, num incessante frenesi
na busca do nada.
Os “cavaleiros dos sonhos” estão lá,de novo,
na trincheira de nome transparente: A Cristal.
Tão cristalina quanto o desejo da eternidade
de cada um de nós, os contumazes “ratos” de Redação.

Ô, Arlindo! “Mi” mais outra.
Ô, Arlindo! “Mi” dá um “quartinho”.
Essa, bota no “capa-preta”que depois eu pago.
O Zé Maria garante...

*A Zé Maria Garcia, Arlindo, Luís e Ernane.

Gambrinus

Gambrinus, porto-bar
mais que seguro do velho Bairro do Recife,
roteiro de andantes de todos os mares e oásis
dos sedentos de amor e de saudade...

Gambrinus, porto-bar
mais que seguro do velho Bairro do Recife,
templo único de vontades e frustrações
tão antigas quanto os sonhos de cada um...

Gambrinus, porto-bar
mais que seguro do velho Bairro do Recife,
onde poetas e boêmios compõem,
no tilintar dos copos,
a sinfonia das ondas do mar
no arrebentar dos arrecifes...

Bares na palma da mão

Notícias populares,
nem tão amiúdes assim,
anunciam novos bares.
Meros pretextos para modismos
e falsas boemias.

Alguns tão sem graça,
outros tão similares.
Bares, aos milhares.
Bares mesmo,
onde embriago as minhas emoções,
conto nos dedos e os trago
na palma da mão: Dom Pedro, Savoy,
Gambrinus, Portuguesa e Royal.

PS: Do livro O Recife & Outros Poemas - Maio de 2007.


Bar e Restaurante 75

No Bar 75, reencontramos a inspiração
no desencontro das paixões.
Para, no tilintar da sinfonia dos copos,
compor saudosos e eternos poemas-canção...
Também, reinventamos a imaginação,
pulamos o frevo e sambamos o samba,
com passos pernambucanos e gingas cariocas...

Revivemos (e revemos) antigos amores
e novos amores perdemos. Porém, abrimos
o coração para outras tantas ilusões e desilusões...
E puxando o cordão das noites sem fim,
no burburinho das madrugadas risonhas e chorosas,
das conversas banais e das promessas vãs,
redescobrimos a mágica meiguice da sedução...

Para, neste templo sagrado da boemia,
compor saudosos e eternos poemas-canção,
agora dedilhados nas cordas do violão...
E, assim, transformamos ternuras,
sentimentos, dores e sonhos em paisagens
estampadas nas faces do cotidiano...

*Aos companheiros Rogério Carvalho e Marcelo Wanderley.
13.09.2008

Templos sublimes?

Savoy, Gambrinus, Portuguesa e Cristal...
Ainda freqüento-os com a memória
que, às vezes, se faz espírito...

Templos sublimes?

Dom Pedro, Royal, Seu Lunga e Bar 75...

Os trago na memória
que sempre se faz espírito
e corpo presente.

Templos sublimes...
Dia-a-dia ou Noite-Madrugada?

No ar, o som da canção,
que vira poesia;
na mesa, o gole do uísque,
que lava a alma e os pecados;
na mão, o cigarro de sempre;
e no olhar, o tempo que passa
e as marcas que ficam...

10.10.08

Ps: Do livro Eu Sou Capibaribe/Poemas, a ser publicado no dia 26 de março deste ano, às 19h, no Gabinete Português de Leitura, e editado pelo Instituto Maximiano Campos/Edições Bagaço.

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