quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Parabólica

O mal e sua raiz: drama da
exploração sexual infantil em série


Um problema que atinge milhões de meninos e meninas no mundo todo, fruto da falta de fiscalização, combate ineficiente e da desinformação da sociedade. O drama da exploração sexual infanto-juvenil é tema de primeira mão do Futura, em ações de mobilização social. Agora, o assunto chega à TV em uma iniciativa inédita, fruto da parceria entre o Canal e a ong Childhood Brasil (WCF-Brasil). É a série de animação Que Exploração é Essa?, que estreia dia 15 de novembro.
Produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre, a série de cinco episódios cria um mundo de bonecos animados que, em uma viagem pelo país, flagram situações de prostituição, abuso de poder e aliciamento de menores. Os protagonistas, um pai caminhoneiro e seu filho adolescente, fazem uma viagem juntos em que cada parada, seja no restaurante, no hotel, na praia ou no cybercafé, revela exemplos de como a exploração pode acontecer. A trama de ficção é intercalada com depoimentos de especialistas e autoridades que falam sobre a real gravidade do problema e da importância de enfrentá-lo coletivamente a partir da sensibilização da sociedade como um todo.
O projeto é resultado de uma longa trajetória de pesquisa e parcerias realizadas pela mobilização comunitária do Canal. Há dois anos, a equipe do Futura acompanha o trabalho da sociedade civil sobre o tema, em fóruns, debates e eventos. Depois de levar a questão para o jornalismo, o desafio do Futura foi produzir um programa que abordasse a exploração sexual infanto-juvenil de forma inovadora, capaz de transformar perspectivas, falas, textos e concepções.
Um mundo de bonecos
Camilla Gonzatto, diretora do programa, ressalta o desafio de tratar de forma lúdica um assunto tão sério: “Nosso empenho foi para que os programas não ficassem pesados e também as crianças pudessem assistir. Para criar um verdadeiro mundo de bonecos usamos algumas técnicas, como manter um enquadramento de câmera que simulasse atores reais”, revela Gonzatto. “Pontuar momentos mais leves e divertidos, com depoimentos sérios, também foi uma forma de garantir uma narrativa adequada ao público”, conclui.
A cada episódio, uma situação diferente se desenrola no percurso dos personagens. Zé Dassilva, roteirista do programa, conta que esta foi a forma encontrada para mostrar os diferentes tipos de exploração infantil: “Queríamos trazer o problema para o âmbito do turismo, da internet, da beira das estradas e dos ambientes urbanos”, revela.
Escolhas pensadas
Também a escolha dos personagens - um pai com seu filho - reflete a importância do papel das famílias no assunto. “O pai é o homem mais vivido, que vai passar sua experiência para o menino, em fase de descobrir o mundo”, conta Dassilva. A exceção fica por conta do episódio do cybercafé, em que os dois param para enviar uma foto pelo computador e o garoto vivencia a pedofilia através de um site de relacionamentos. “Quando o assunto é internet, é o filho que ensina ao pai, ao mostrar que o problema pode estar nos lugares mais inusitados”.
A escolha pela figura do caminheiro também não foi por acaso. “O caminhoneiro geralmente funciona como denunciante, ao mesmo tempo em que é um dos grandes agentes do problema”, diz Dassilva. “Através e a partir deles, é possível se desbaratar quadrilhas inteiras”, conta.

As diferentes histórias dos episódios fazem a ponte entre as situações e os depoimentos de pessoas ligados ao tema, como o do Ministro Paulo Vanuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, que ressalta a importância do Disque 100. “Ele é o sistema mais simples e direto. É regionalizado, mas nós temos uma central em Brasília com muitas equipes”, garante Vanuchi.
Para Flávia Garcia, da Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (ANCED), o problema da exploração sexual está muito ligado à dominação e ao poder. “Podemos pensar em várias situações ligadas à dominação de gênero e exclusão social. A relação desigual de poder sempre está presente”, ressalta.
Toda a produção do programa foi acompanhada, discutida e avaliada por mais de 30 ong´s e instituições de referência na área - como a WCF Brasil, a Safernet, a Casa de Passagem, de Pernambuco e a Lua Nova, de São Paulo - e por aqueles que foram vítimas de abusos.

Conheça abaixo um pouco do perfil das instituições atuantes no projeto:

Disque 100:
Disque-denúncia para o combate contra a violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes
Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente – ANCED:
A ANCED se faz presente em quinze estados brasileiros a partir da ação desenvolvida pelos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente - CEDECAs - filiados, que unificam-se pela missão de proteção jurídico-social de direitos humanos de crianças e adolescentes. Para encontrar um CEDECA perto de você, entre em contato através dos endereços: WWW.anced.org.br / anced@anced.org.br / (11) 3159-4118 / 3257-0365
Safernet Brasil:
Site de denúncias de Crimes Contra os Direitos Humanos na Internet. A SaferNet Brasil se consolidou como entidade referência nacional no enfrentamento aos crimes e violações aos Direitos Humanos na Internet, e tem se fortalecido institucionalmente no plano nacional e internacional pela capacidade de mobilização e articulação, produção de conteúdos e tecnologias de enfrentamento aos crimes cibernéticos e pelos acordos de cooperação firmados com instituições governamentais, a exemplo do Ministério Público Federal. www.safernet.org.br/site/denunciar
Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes:
Monitoramento do Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, composta de representantes dos setores organizados da sociedade civil, dos poderes públicos e de organizações internacionais envolvidos com a temática e que atuam no país. http://www.comitenacional.org.br/

Que Exploração é essa vai ao ar domingo, às 17h20, com reprise segundas-feiras, às 21h20 e sábados, 20h20.

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