quarta-feira, 16 de março de 2011

Parabólica



Vereadora ameaça com uma CPI

A situação real das obras e serviços iniciados pela Prefeitura do Recife, e as que ainda estão só na promessa, serão debatidos, hoje, numa audiência pública. O assunto tem gerado polêmica e até corre o risco de parar numa Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), caso não seja esclarecido conforme espera a autora da audiência, a vereadora Aline Mariano (PSDB). Ela fez um Pedido de Informação à Prefeitura do Recife, de número 06/2011, o qual solicitava o detalhamento de todas as obras e serviços, com os valores referentes e os prazos de conclusões. Mas, segundo atesta, o documento não foi satisfatório. “Faltam datas e valores. O prefeito diz que tem cerca de três mil obras em curso, mas não é isso que encontramos na cidade”, dispara. A resposta da PCR - ofício de nº 138, de 1 de março de 2011- será apresentada por Aline aos presentes durante a reunião. Ela diz que se trata uma pequena amostra sem maiores informações. “O conteúdo não traz, por exemplo, quando serão concluídas obras como o Capitão Temudo e a Via Mangue. Diz apenas o semestre e o ano”.

CPI II - Aline afirma ainda que PCR não informa outras intervenções importantes. “Vale salientar que muitas delas estão com os prazos bastante estourados”, critica. Caso o resultado da audiência pública não seja positivo, ou seja, não haja encaminhamentos concretos para a solução das pendências nas obras e serviços da cidade, Aline tomará medidas efetivas e mais duras. “Partiremos para uma CPI”.

Aplauso e Congratulações

O vereador Gilvan Cavalcanti (PMN) pediu, ontem, um Voto de Aplauso e Congratulações para o promotor da 2ª Vara de Execuções Penais, Marcellus Ugiette. O promotor sensibilizou-se com a dor da dona de casa Sandra Oliveira Santos que, além de perder três filhos menores num incêndio no barraco da Comunidade do Papelão, nos Coelhos, ainda foi presa na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor. Ugiette conseguiu, na Justiça, que a cidadã fosse aos enterros das crianças.

Palavra do prefeito

Segundo Rildo Oliveira, vice-presidente da Associação Comunitária Amigos do Cavouco, o prefeito João da Costa garantiu que, em 90 dias, iniciará a construção da Academia das Cidades, na Iputinga. Será na Avenida Mário Álvares Pereira de Lyra.

Pacto

O Caxangá Ágape recebe, hoje, em almoço-reunião, Wilson Damázio, secretário de Defesa Social, e que fará palestra sobre o Pacto pela Vida - Ações e Resultados. Será, no Restaurante Boi Preto, na Avenida Boa Viagem, 9, no Pina.

Consumidor

Em atenção ao Dia Internacional do Consumidor, comemorado ontem, a OAB-PE prestará atendimento à população, amanhã, com informações sobre o direito dos consumidores. Das 7h às 18h, na Estação do Metrô do Recife (Central).

Odonto - O doutor em Dentística, Carlos Eduardo Vieira ministra, hoje, às 19h, no Recife, o Curso de Odontologia Estética, com o apoio da ABO (Associação Brasileira de Odontologia). Informações: 3442-8141 ou 8651-0787.

Revista - Na comemoração dos cinco anos de circulação, a Revista Algo Mais recebe votos de aplauso, hoje, em sessão solene da Assembleia Legislativa de Pernambuco. A iniciativa é do deputado Tony Gel.

Curtas - O Cine Banquete promove a mostra Banquete de Curtas, hoje, às 19h, no Bar e Restaurante Banquete. Na Rua do Lima, 195, em Santo Amaro, fones 9950-0166, 9952-7283, 9150-9482 e cinebanquete@gmail.com.

Psicologia - A Clínica de Psicologia Esuda reforçou o atendimento emergencial do Plantão Psicológico nos 17 consultórios, com plantonistas de segunda a sábado, das 8h às 12h. Informações: 3412.4267.

Corrida das Pontes

A 8ª Corrida das Pontes do Recife, realizado no próximo dia 27, no Marco Zero é um bom incentivo a saúde e cultura. Os corredores vão poder admirar a bela paisagem das vias históricas da cidade. Graças ao charme do cenário, ilustrado pelas pontes e ruas históricas, a prova do Recife tem o diferencial poético do percurso. Considerada a maior competição de pedestrianismo de rua do Norte e Nordeste, a corrida espera cerca de 5 mil participantes. O percurso será nas ruas do Centro do Recife, nos bairros da Boa Vista, São José e Santo Antônio. Crianças, jovens e adultos vão percorrer, caminhando, cadeirando e correndo. Mais informações pelo site www.jjseventos.com.br ou pelo telefone: (81) 30756595.

Presente de Grego

De: Joca Souza Leão

jocasouzaleao@gmail.com

O presente não era um cavalo nem era de pau, mas também veio com surpresas no bojo. Em 1988, um deputado constituinte pernambucano tava sem ter muito o que fazer, coçando a pança, quando lhe veio a sanchesca ideia: “A ilha é nossa!” E pronto. Ganhamos Fernando de Noronha de volta (já tínhamos nos livrado dela em 1942, quando passou a território federal). A danada tava lá, no seu canto, na mão da União, para as estripulias do administrador Fernando Mesquita, amigo de Sarney. Mas o deputado conseguiu. Presentinho de grego.

Viajar de navio e conhecer Noronha eram desejos antigos. Realizei-os de uma tacada só. Fui a Noronha de navio. E gostei dos dois. A primeira vez a gente nunca esquece. E se for primeira e única, então, aí é que não esquece mesmo. Assim sendo, por lealdade à memória e aos bons momentos vividos no mar e em terra mais ou menos firme, não darei chance à segunda vez. A primeira foi – e será – a última. Indelével na minha memória (até que o Alzheimer a coma pelas beiradas).

Explico. Navio é um hotel arretado, de cinco, seis estrelas, só que flutuante. De fato. Mas prefiro hotel que não sai do canto. Dos que a gente entrega a chave na portaria e sai. Quando volta, ele ta lá, paradão, no lugar dele.

A ilha é linda, maravilhosa! Se você nunca foi a uma ilha oceânica, vá. Sabe lápis de cor azul-marinho? É a cor do oceano. Norte, Sul, Leste e Oeste, pra todo lado é aquele azulão. As pedras e os morros do Pico e Dois Irmãos (ou Fafá de Belém) completam o cenário. Num único dia, a gente percorre os quatro pontos cardeais, passeia de barco e come bolinho de tubalhau (bacalhau de tubarão) com cerveja morna. E quem gosta de mergulhar mergulha com peixinhos e peixões. Pôr do sol deslumbrante. Lua e céu estrelado como nunca se viu. Aí, cansado e queimado (nos dois sentidos), cama! (Dependendo da pousada, caminha mais ou menos, mais pra menos; café da manhã, idem). Tirando a paisagem, tudo pelos olhos da cara. Vai pra ilha quem tem.

Mas no bojo do presentinho, nossos gregos mandaram as faturas pra Pernambuco pagar em nada módicas prestações diárias. E pra sempre.

Nosso estado arrecada algo em torno de R$ 13 milhões por ano em Noronha, entre taxas e impostos. Só com a folha de pagamento, desembolsa R$ 16,5 milhões. Somando tudo e trocando em graúdos, a ilha nos custa a bagatela de R$ 48 milhões/ano. Todo mundo paga pra ir à ilha. Nós, no entanto, pagamos e pagamos caro por cada um que bota os pés lá.

(Pequeno detalhe: Pernambuco só administra 1/3 da ilha. Os quase 70% restantes formam o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, administrado pelo IBAMA, com a maior densidade de fiscais ambientais do planeta, um para cada dez quilômetros quadrados. E eles ainda cobram taxa pra quem entra no Parque).

Tudo que se consome na ilha vai daqui, de barco ou avião. Vai e volta. Vai comida, bebida, água, remédio, funcionários públicos, tudo. E volta lixo. Vai saúde, educação, segurança e vêm os doentes e parturientes para os hospitais e maternidades daqui.

Quer dizer, nem tudo vai daqui. Turista, mesmo, a maioria vai pra lá via Natal. A taxa de embarque fica no Severo Gomes. Ouvi de um figurão do trade turístico que passageiro pra Noronha que passa por aqui não sai nem do Guararapes. Faz escala ou conexão e tchau! Na ida e na volta. “E esse papo de que Noronha promove o turismo de Pernambuco é furado. Ninguém nem sabe que a ilha é nossa.” Aliás, só é nossa, mesmo, quando sai no Jornal Nacional (a ilha é o paraíso dos globais) dizendo que tá faltando ovo e que a gasolina e o gás de cozinha são os mais caros do mundo.

Noronha é bom negócio para um punhado de gente. É bom pra dono de pousada (que cobra tarifa de hotel cinco estrelas), pro dono do único posto (que vende a gasolina e o gás mais caros do mundo), agências e operadores de turismo, empresas de aviação e, até, para o Brasil, que vende ao mundo a imagem de país que preserva um santuário ecológico. Só não é bom negócio pra gente, os bestas dessa história, que não ganham nada, nem fama, e ainda pagam a conta.

Os troianos podiam ter devolvido o presente pros gregos. Podiam. Mas não devolveram. E se ferraram. A gente pode. E deveria. Educadamente. “Obrigado, Brasil, mas taí sua ilhazinha de volta.” E ainda cobrar indenização por esses 23 anos de prejuízos.

Ilha tem quem pode. Ou quem não tem juízo.

Joca Souza Leão é preservacionista. Apesar de não ser Sancho Pança, bem que gostaria de ter uma ilhazinha pra cuidar. Subsidiada, claro.

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