terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Poesias

Sou arrecifes...

Robson Sampaio

Sou arrecifes,

de pedra esculpida nos

rebentes das ondas do mar

e na força dos ventos.

Sou arrecifes,

de arrebentação

de Sol no rosto

de águas azuis

de gosto de sal

de gente do frevo.

Sou arrecifes,

de pedra esculpida

de pontes rochosas

na sinuosidade

do Rio Capibaribe.

Dor é dor...

Robson Sampaio

Dor não se mede

Dor não se compara

Dor é dor..

Dor da saudade

Dor do amor

Dor da fome

Dor do parto

Dor da vida

Dor da dor...

Dor se sofre

Dor se cura

Dor é dor...

Recifense...

Robson Sampaio

Nas águas eternas do Rio Capibaribe,

naveguei sonhos e derramei lágrimas

de tristezas e de alegrias.

Nas ondas salgadas da Praia de Boa Viagem,

molhei o corpo e purifiquei a alma.

Nas pontes históricas do Recife,

forjei o destino e percorri as trilhas

da vida.

E, só assim, me tornei recifense...

Mamulengo?

Robson Sampaio

A alma fora do corpo,

a carne feita em pedaços

triturada em vários braços

e o corpo fora da alma.

O preço do desapreço

transforma a dor em lamentos

e a vida não vale nada.

A alma fora do corpo

e o corpo fora da alma.

Os sussurros são fingimentos

de um prazer sem sentimentos,

a face talhada em dor

pela indiferença da gente.

A alma fora do corpo

tal qual um mamulengo...

Os invisíveis... Publicada: 08.11.11

Robson Sampaio

Menino dos olhos

grandes e olhar vazio,

a mão no queixo

e o semblante triste.

É a dor da vida,

da indiferença

e do desamor.

A alma ferida,

as entranhas doídas,

a fome amarga

e o coração de pedra.

É a dor da vida,

da indiferença

e do desamor.

São os invisíveis!

O Recife

Robson Sampaio

O Recife não é uma aldeia.

- O Recife é um estado de ser...

Suas luzes, naturais ou artificiais,

não são luzes e, sim, o alumiar

dos teus olhos.

Reflexos de todos nós,

recifenses ou arrecifensados,

onde as luzes não são luzes,

mas olhos debruçados sobre

o Capibaribe, um traço indivisível

de ser o Recife...

As rosas... Publicada em 11.11.11

Robson Sampaio

No jardim, as doze

rosas vermelhas.

E uma delas, murcha!

As demais:

O olhar

O piscar de olho

O sorriso,

As mãos dadas

O primeiro beijo

A paixão

A primeira vez

As outras tantas vezes

A vida a dois

A vida feliz

A vida infeliz

A rosa murcha...

Ah, infeliz espera... - 21.11.11

Robson Sampaio

Espera. Ah, infeliz espera...

Para não dividir os minutos

Só calculei os segundos

Soma do daqui há pouco

Demora de meia-hora

Instantes intermináveis

Horas e horas de angústia...

Espera. Ah, infeliz espera...

Épocas de desassossego

Multiplicador de desespero

Sem fim de sofrimento

Subtração do amor

Tempo perdido da dor

Vontade de ser eterno

Para esperas de sempre...

Recife (Noturno)

Robson Sampaio

Só gosto de ti à noite,

quando os abstêmios dormem

e os boêmios saem às ruas

em busca do nada.

Só gosto de ti à noite,

quando batem lembranças

de amor e de sonhos perdidos

no tempo.

Só gosto de ti à noite,

quando me debruço sobre

o Rio Capibaribe e, assim, consigo

ver a minha alma e a chorar

a dor do mundo.

Só gosto de ti à noite,

quando pertences por inteiro

aos boêmios, vagabundos

e poetas.

Vou “m’imbora pro” Recife... – Publicada: 15.11.11

Robson Sampaio

Vou “m’imbora pro” Recife

do mar, das jangadas, das redes,

dos pescadores, dos peixes, do caçuá,

dos mangues, das ostras, dos siris,

dos caranguejos e da minha gente...

Vou “m’imbora pro” Recife

dos caboclinhos, da ciranda,

do maracatu, do baque-virado,

do Galo da Madrugada,

do Homem da Meia-Noite,

do frevo e dos meus foliões...

Vou “m’imbora pro” Recife

dos arrecifes, das pontes, dos becos,

das travessas, dos bares, dos botecos,

dos boêmios, da lua, das estrelas, do vento,

do sol, dos meus sonhos, da minha sina e

do meu Capibaribe...

Eu vou “m’imbora pro” Recife e

vou “m’imbora pra” mim mesmo!

Corpo e Alma...

Robson Sampaio

A explosão de fogo,

no clarão do morteiro certeiro,

dilacerou a carne divina,

mas, não matou a minha

convicção na paz.

Apenas exibiu a insanidade

bélica dos homens: pobres

mortais, pobres incrédulos.

Porém, o dom sagrado

da vida, dado por Deus,

nem é só corpo nem é só alma;

e, sim, corpo inteiro,

esculpido em matéria e luz.

Sangue de Jesus...



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