Sou arrecifes...
Robson Sampaio
Sou arrecifes,
de pedra esculpida nos
rebentes das ondas do mar
e na força dos ventos.
Sou arrecifes,
de arrebentação
de Sol no rosto
de águas azuis
de gosto de sal
de gente do frevo.
Sou arrecifes,
de pedra esculpida
de pontes rochosas
na sinuosidade
do Rio Capibaribe.
Dor é dor...
Robson Sampaio
Dor não se mede
Dor não se compara
Dor é dor..
Dor da saudade
Dor do amor
Dor da fome
Dor do parto
Dor da vida
Dor da dor...
Dor se sofre
Dor se cura
Dor é dor...
Recifense...
Robson Sampaio
Nas águas eternas do Rio Capibaribe,
naveguei sonhos e derramei lágrimas
de tristezas e de alegrias.
Nas ondas salgadas da Praia de Boa Viagem,
molhei o corpo e purifiquei a alma.
Nas pontes históricas do Recife,
forjei o destino e percorri as trilhas
da vida.
E, só assim, me tornei recifense...
Mamulengo?
Robson Sampaio
A alma fora do corpo,
a carne feita em pedaços
triturada em vários braços
e o corpo fora da alma.
O preço do desapreço
transforma a dor em lamentos
e a vida não vale nada.
A alma fora do corpo
e o corpo fora da alma.
Os sussurros são fingimentos
de um prazer sem sentimentos,
a face talhada em dor
pela indiferença da gente.
A alma fora do corpo
tal qual um mamulengo...
Os invisíveis... Publicada: 08.11.11
Robson Sampaio
Menino dos olhos
grandes e olhar vazio,
a mão no queixo
e o semblante triste.
É a dor da vida,
da indiferença
e do desamor.
A alma ferida,
as entranhas doídas,
a fome amarga
e o coração de pedra.
É a dor da vida,
da indiferença
e do desamor.
São os invisíveis!
O Recife
Robson Sampaio
O Recife não é uma aldeia.
- O Recife é um estado de ser...
Suas luzes, naturais ou artificiais,
não são luzes e, sim, o alumiar
dos teus olhos.
Reflexos de todos nós,
recifenses ou arrecifensados,
onde as luzes não são luzes,
mas olhos debruçados sobre
o Capibaribe, um traço indivisível
de ser o Recife...
As rosas... Publicada em 11.11.11
Robson Sampaio
No jardim, as doze
rosas vermelhas.
E uma delas, murcha!
As demais:
O olhar
O piscar de olho
O sorriso,
As mãos dadas
O primeiro beijo
A paixão
A primeira vez
As outras tantas vezes
A vida a dois
A vida feliz
A vida infeliz
A rosa murcha...
Ah, infeliz espera... - 21.11.11
Robson Sampaio
Espera. Ah, infeliz espera...
Para não dividir os minutos
Só calculei os segundos
Soma do daqui há pouco
Demora de meia-hora
Instantes intermináveis
Horas e horas de angústia...
Espera. Ah, infeliz espera...
Épocas de desassossego
Multiplicador de desespero
Sem fim de sofrimento
Subtração do amor
Tempo perdido da dor
Vontade de ser eterno
Para esperas de sempre...
Recife (Noturno)
Robson Sampaio
Só gosto de ti à noite,
quando os abstêmios dormem
e os boêmios saem às ruas
em busca do nada.
Só gosto de ti à noite,
quando batem lembranças
de amor e de sonhos perdidos
no tempo.
Só gosto de ti à noite,
quando me debruço sobre
o Rio Capibaribe e, assim, consigo
ver a minha alma e a chorar
a dor do mundo.
Só gosto de ti à noite,
quando pertences por inteiro
aos boêmios, vagabundos
e poetas.
Vou “m’imbora pro” Recife... – Publicada: 15.11.11
Robson Sampaio
Vou “m’imbora pro” Recife
do mar, das jangadas, das redes,
dos pescadores, dos peixes, do caçuá,
dos mangues, das ostras, dos siris,
dos caranguejos e da minha gente...
Vou “m’imbora pro” Recife
dos caboclinhos, da ciranda,
do maracatu, do baque-virado,
do Galo da Madrugada,
do Homem da Meia-Noite,
do frevo e dos meus foliões...
Vou “m’imbora pro” Recife
dos arrecifes, das pontes, dos becos,
das travessas, dos bares, dos botecos,
dos boêmios, da lua, das estrelas, do vento,
do sol, dos meus sonhos, da minha sina e
do meu Capibaribe...
Eu vou “m’imbora pro” Recife e
vou “m’imbora pra” mim mesmo!
Corpo e Alma...
Robson Sampaio
A explosão de fogo,
no clarão do morteiro certeiro,
dilacerou a carne divina,
mas, não matou a minha
convicção na paz.
Apenas exibiu a insanidade
bélica dos homens: pobres
mortais, pobres incrédulos.
Porém, o dom sagrado
da vida, dado por Deus,
nem é só corpo nem é só alma;
e, sim, corpo inteiro,
esculpido em matéria e luz.
Sangue de Jesus...
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