Teatro da Vida:
Bolachinhas de Ascenso
Um amigo do saudoso poeta Ascenso
Ferreira vivia meio chateado
porque a situação não permitia que o chamasse para almoçar. As coisas, lá na
casa dele, andavam pra lá de ruça. Mas, um dia, a barra limpou e, então, deu
para convidar o autor de “Vou danado pra Catende!” e outros grandes poemas para
o tão sonhado almoço. Convite feito a Ascenso, o dito cujo começou a preparar
as iguarias e comentou com a mulher: “O Ascenso come muito. Também, com aquele
corpanzil. Mas, já sei o que é que eu vou fazer”. Tudo pronto, e Ascenso chega,
sendo recebido com muita admiração por todos. Senta-se no terraço e o dono da
casa corta uma jaca de bom tamanho e oferece a Ascenso. Ele traça a bicha e
parte para o almoço. Comeu bem, como sempre comia, que quase que a comida não
dava pro resto da família. No final, a mulher para ser delicada, pergunta: “Seu
Ascenso, o senhor aceita um cafezinho?” Sem se fazer de rogado, o poeta
arremata: “Só se for com umas bolachinhas...”
Frase:
“O leitor é a principal matéria-prima do
jornal (RS)”
Poesia:
Recife Antigo
*Robson Sampaio
Nos botequins de ontem,
relembro velhos e novos amores
e carrego, por ruas e becos,
o presente e o passado,
simbiose de eterna saudade.
Então, batem as lembranças:
nada mudou no Recife Antigo,
onde poetas, bêbados e vagabundos
vagueiam, à noite, feitos zumbis.
Somos os sonâmbulos da
boemia,
animais sedentos de amor e de paixão,
que recolhem pedaços da carne
só para salvar a alma e, assim,
alcançar o perdão.
Nada mudou no Recife Antigo,
onde as faces sofridas se multiplicam
iguais e com sulcos talhados de dor...
Somos os compositores das
canções da vida,
os poetas dos poemas passageiros,
os artesãos que juntam trapos e confeccionam,
diuturnamente, o eterno uniforme do Recife Antigo.
Formamos o cordão dos desesperados,
de alegrias furtivas, de sonhos perdidos
e de vontades saciadas, quase sempre,
em corpos estranhos.
Mas, nada mudou no Recife
Antigo,
onde a sinfonia prossegue até o clarear dos arrecifes.
E, nós, em passos trôpegos, buscamos a Estrela Guia,
entoando o canto mágico do faz de conta.
Assim, transformamos o nada em tudo
e o imaginário em imaginação,
enquanto a música melosa é ouvida mais forte
nos puteiros do Recife Antigo.
Onde, nada muda...
Companheiros:
A minha coluna
Cidades Online está no www.blogdorobertosantos.com, de 3ª-feira a sábado. No domingo, Teatro da Vida/Causos - Frase - Poesia. E no www.robsonsampaio.blogspot.com.
Divulguem e mandem notas para o e-mail: rsampaioblog@gmail.com. Abs e obg.
Estas bolachinhas de Ascenso são ótimas e num texto excelente.
ResponderExcluirBeijos Blog Unhas&Bocas
Cláudia
www.unhasebocas.com.br
@blogunhasebocas